16 junho 2020

Levei a Vida

Nunca estudei o que importa. Não tenho desculpas pra isso.
Fugi de tudo, até de mim. Em todos os anos dourados.
Levei a vida beirando o rio, mas sem nunca pular.
Pago o preço até hoje.

Fiz muitas coisas. Não deu tempo de ser feliz.
Aliás, sempre achei a felicidade monótona.
O meu caminho sempre foi outro,
E claro que não deu certo.

Olho para o futuro com esperança. Minto.
Do futuro espero tudo, mas não aproveitarei nada.
Toda a luta e busca que coloquei,
Alguém irá desfrutar por mim.

Disfarço bem. Sou vítima e assassino da minha própria existência,
Em meio ao vento inevitável da mudança.
Corro e não me alcanço nunca.
E muitos dias não há nem vontade de levantar.

Quero estar no inconsciente das pessoas.
Como uma casa abandonada dos sonhos. Magnética e provocadora.
Ser a realidade dos quadros abandonados.
A busca do significado na solidão.

Agora, um copo de uísque me acompanha.
Busco eternamente aquele sentimento que me leva a beira do abismo e fala: vai.
Nunca vou. 
Mas por pura teimosia.
O que permitimos, nos tornamos.