25 fevereiro 2010

Tribunal

A tarde, como a noite, cai.
Não há diferença, pois há semelhança suficiente entre coisas diferentes,
Pelo menos para mim.
Como meu pensamento e o pensamento em si.
Diferem-se só pela simplicidade do meu julgamento.
Julgamento traiçoeiro.
Julgamento próprio, que vê em outro, seus próprios réus.
Acuso-me não sem refletir, mas pelo menos sem notar.
Coitados seríamos nós se me pusesse a coordenar meu próprio tribunal.
Nobreza executada.
Luxúria enaltecida.
Ninguém engana a mim.
Especialmente ninguém próximo.
Só outros.
Quase todos,
Incluindo eu mesmo.
Eu mesmo da verdade tão sem rumo.
Eu mesmo tão pirado e louco de prazer.
Tento resistir desde que me desconheço.
Mas onde me perco é quando me encontro,
E adoro me encontrar.
É hipocrisia recém-nascida.
É hipocrisia hospitalar.